a quem fez mal é visto com bons olhos, desde que a situação não se repita
continuamente. Quando uma traição se
repete, o que mais acontece é a recomendação de agir de forma negativa em
relação aos traídos, "desforrando a honra".
A vingança é
preconizada como retribuição aos atos de traição, falsidade ou maldade. Ao
compensar o mal sofrido ela atua de forma a igualar as duas partes envolvidas,
uma não ficando em desvantagem em relação a outra.
A noção de
doença mandada por outras pessoas obedece a mesma lógica que orienta a
vingança. Ambas, vingança e doença enviada, tem como pressuposto trazer de
volta o equilíbrio das condições entre aqueles que se relacionam, reparando uma condição de
desigualdade, originada pelo rompimento dos preceitos de reciprocidade.
O envio de
doença a outrem é, segundo os meus informantes, motivado pela inveja
desencadeada em decorrência da percepção de uma qualidade que dá destaque a uma
pessoa na comparação com outras com as quais convive. A inveja aqui não é
pensada como desejo de possuir aquilo que o outro tem, mas como uma vontade de
destruir o que distingue da maioria dos seus convizinhos. Da mesma forma a
igualdade não é pensada no sentido de que uma pessoa possa se igualar a outra
adquirindo aquilo que as diferencia, mas nos termos de trazer o invejado a
mesma situação em que se encontra o invejoso.
A inveja
pode ser ativada para trazer de volta a igualdade pessoas que, de alguma forma,
se diferenciam das demais. O anseio de destruição do motor da desigualdade pode
realizar-se pelo desarranjo de uma relação amorosa, desequilíbrio financeiro ou
pelo envio de uma doença através de meios mágicos.
Fonte:
Araujo, Melvina A. M - Das Ervas
medicinais à fitoterapia - Ed.Atelie Editorial
Imagem Celestina Gonçalves
Imagem Celestina Gonçalves
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